Peças de elevadores na mira de ladrões

Nos últimos 10 meses, ocorreram 15 ataques que causaram um prejuízo de R$ 1,5 milhão

Ladrões de peças de elevadores estão atacando condomínios e canteiros de obras em Porto Alegre. As peças são vendidas em um mercado clandestino em ascensão, alimentado pelo crescimento da construção civil.

Nos últimos 10 meses, ocorreram 15 ataques que causaram um prejuízo de R$ 1,5 milhão. O caso é investigado pelos agentes da Delegacia de Polícia de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio, das Concessionárias e dos Serviços Delegados (DRCP).

– O mercado de peças furtadas de elevadores está prosperando porque há pessoas que compram sem se importarem com a procedência do produto. Muito menos com a nota fiscal. Desde que paguem um preço abaixo do de mercado – diz Ruy Lopes Neto, gerente da unidade de negócios no Estado da ThyssenKrupp, um dos fabricantes vítimas dos ladrões.

As principais peças furtadas são as placas eletrônicas dos quadros de comando. Cada uma pode valer até R$ 16 mil no mercado clandestino. Os furtos começaram no final do ano passado. Mas foi nos últimos meses que aconteceu metade dos 15 ataques. O temor de Lopes Neto é que a indústria de venda de peças clandestinas coloque em perigo os usuários dos elevadores, que hoje são protegidos por normas rígidas de segurança seguidas pelos fabricantes.

A ThyssenKrupp e outros dois fabricantes são responsáveis por 65% dos 20 mil elevadores instalados no Rio Grande do Sul. Essas normas, por exemplo, garantem que se houver qualquer problema técnico com um elevador, ele simplesmente tranca – não sobe nem despenca.

A maioria dos ataques tem como alvo canteiros de obras. A preferência tem uma lógica: os equipamentos estão todos encaixotados, o que facilita a ação dos ladrões. Em um dos ataques, os ladrões usaram veneno para se livrar de cães que faziam a segurança da obra.

Em outro caso, simplesmente abriram o portão e soltaram os cachorros. Furtaram as placas eletrônicas de dois painéis de elevadores. O fabricante repôs as peças furtadas. E o construtor responsável pela obra reforçou a segurança, trocando os cachorros por vigias e sensores eletrônicos.

Os ladrões também se disfarçam de operários da manutenção do fabricante e entram nas obras e nos condomínios para furtar as peças eletrônicas dos elevadores. Há um mês, um prédio de escritório, em bairro classe média da Capital, foi vítima de furtos.

Um inquérito foi aberto pela delegada Vanessa Pitrez de Aguiar Corrêa no ano passado, quando ela estava à frente da DRCP.

– Iniciamos a investigação levando em conta que os ladrões não atacam ao acaso. Eles sabem a data da chegada do equipamento na obra. E quando atacam, sabem que há visitas agendadas – explicou a delegada.

Fonte: Zero Hora