Funcionários
Porteiro tenta extorquir moradora de condomínio

09/01/2008 - Desde outubro passado, o porteiro Paulo Barboza de Carvalho, de 46 anos, resolveu experimentar o que apenas conhecia no jornal. “Sou fanático pelas páginas policiais”, gabou-se. Sem nenhum motivo aparente, escolheu, entre os moradores do condomínio de casas em que trabalhava, no Jardim das Palmeiras, em Campinas, aquela que seria sua primeira vítima. “De uns três meses para cá virei bandido”, admitiu a naturalidade de como se estivesse mudado de profissão. A escolhida vítima foi uma médica, de 30 anos, que passou a ter dias conturbados.

“As facilidades que ela (vítima) deixou me ajudaram”, argumentou o porteiro, que foi preso às 6h30 de hoje, por investigadores do 12º Distrito Policial de Sousas. O que ele chamada de brechas deixadas pela médica, que não teve o nome revelado pela polícia, tratas-se de descuido. “Tinha o costume de pegar blocos de papel no lixo do condomínio para fazer rascunho. Em um deles caiu o CPF da médica — (Cadastro de Pessoa Física)”, relatou. O próximo passo foi falsificar o documento de identidade da vítima.

“Um dos boletos que chegou no condomínio constava o número do RG e eu peguei. Logo em seguida achei uma foto dela, escanei e falsifiquei o documento”, contou. Enquanto forjava os documentos, Carvalho ameaçava a médica. Uma das formas era por intermédio de e-mails. Para isso, ele criou um endereço eletrônico com o nome da vítima e encaminhava a ela uma série de mensagens ameaçadoras. Outra maneira de intimidação era por meio de cartas, nas quais o endereço do remetente era o da Delegacia Seccional de Polícia, localizada na Avenida Andrade de Neves.

“Achei esse endereço fácil porque ao pesquisar ele já veio com o CEP”, falou. Para mandar as correspondências, ele usava uma agência dos Correios localizado a 100 metros de sua casa, no Parque Valença I, periferia de Campinas. No conteúdo das mensagens, ele dizia que era integrante de uma organização criminosa e que a vítima deveria pagar R$ 5 mil caso não quisesse ter problemas. A médica não cedeu. Logo começaram os transtornos.

“Ele colocou uma bomba caseira no consultório da vítima. Passou cola na tampa de combustível do carro, enquanto o veículo estava no condomínio. Fez assinatura de revista em nome dela assim como uma doação no valor de R$ 1,5 mil para uma instituição”, contou o delegado Fernando Figueiredo Chaib, que desde outubro investiga os crimes cometidos pelo porteiro. Uma carta também foi encaminhada para a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), em nome da médica. Dentro do envelope havia fezes. “Fiz isso para prejudicá-la. Queria que ela fosse chamada pela polícia”, afirmou o porteiro.

Na segunda-feira, ele mandou um e-mail para a médica com as indicações de como ela faria o pagamento da extorsão. “O dinheiro deve ser colocado dentro de um envelope lacrado com cola, inserido em uma caixa que deverá ser embrulhada para presente. O dinheiro ficará na portaria por tempo indeterminado. Os guardas da portaria serão orientados da seguinte forma: virá na portaria o Dr. Renato, da Unimed, que deixará meu RG que esqueci em seu consultório. Após receber o RG, entregar o presente nas mãos dele”, relatava o e-mail.

Matérias relacionadas
Cuidados na contratação e monitoramento de funcionários