Inadimplência preocupa moradores de condomínios

A falta de hidrômetros individuais nos Conjuntos Habitacionais com mais de 2 anos em Sorocaba tem gerado problemas de inadimplência e, por conseqüência, acúmulo de dívidas junto ao Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae). Exemplo disso são dois condomínios da Zona Norte que somam mais de R$ 3 milhões acumulados por mais de 900 famílias, durante os últimos 10 anos. Os moradores cobram da autarquia os serviços de individualização dos hidrômetros e o parcelamento individual das contas. O Saae, por sua vez, garante que o serviço deve ser realizado pelos moradores e informa que o parcelamento é possível desde que os condôminos estejam todos de acordo com a proposta.

Além disso, o Saae deve entregar à Câmara de Sorocaba dentro de algumas semanas um levantamento do total de dívidas que os Conjuntos de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHUs) têm com a autarquia. Esses dados devem ajudar a Câmara a mediar a situação entre as partes.

O vendedor Luiz César dos Santos, vice-presidente da Associação dos Moradores do CDHU Joaquim de Souza Neto, no Jardim Brasilândia, é enfático ao afirmar que somente o seu prédio, composto por 32 apartamentos, soma uma dívida de quase R$ 50 mil acumulados nos 12 anos de existência junto à autarquia. O CDHU do Brasilândia (10 prédios com 320 apartamentos) ultrapassa os R$ 700 mil, calcula. Segundo ele, o principal problema constatado para o acúmulo de dívidas é a inadimplência dos condôminos, causada principalmente pela falta de individualização dos hidrômetros. De acordo com o vendedor, a desordem do consumo fomenta a situação.

Tem apartamentos com dois moradores e outros com 15 pessoas. É lógico que aqueles que consomem menos não querem pagar pelos que consomem mais. Aí começa a inadimplência, detalha. O morador Fábio Luiz Bacaro explica que essa situação impede o cumprimento de acordos junto ao Saae. Nós não temos nem como honrar acordos. Não adianta 14 das 32 famílias querer pagar se os demais não o fazem. Para Luiz César, uma primeira forma de resolver a situação seria o parcelamento individual das dívidas. Ele acredita que se cada morador ficar responsável junto ao Saae por uma parcela da conta total, a inadimplência seria quase zerada. Com a ameaça de ter a água cortada, qualquer um honra dívidas, defende.


Hidrômetros e investimentos


Além disso, os moradores cobram por parte do Saae a individualização dos hidrômetros, para que cada morador pague o que consumir. De acordo com o síndico dos prédios G2 e G4 do CDHU Benedicto Cleto, no bairro Júlio de Mesquita, Cléber Martins da Costa, esses hidrômetros poderiam ser colocados logo na saída da caixa de água, na laje do prédio, para evitar o alto custo da implantação dos equipamentos na entrada dos prédios. Somos famílias simples, de baixa renda. Não dá para executar uma obra cara, de R$ 320 mil como estimamos, observa ele que vive num conjunto formado por quatro condomínios que somam 680 apartamentos e acumulam juntos mais de R$ 2,5 milhões de dívidas. Segundo os moradores, falta vontade do Saae em ajudá-los.

Há exemplo de prédios que já têm tudo pronto na laje. Mas o Saae quer os hidrômetros na porta do prédio. Não aceitam subir escadas para fazer a leitura, desabafa. Esses problemas descritos, informam os moradores, acarreta na falta de investimentos no próprio condomínio. Conhecemos locais que a situação foi resolvida. Que as contas individualizadas, os hidrômetros individuais e as taxas livres para investimentos, grades, muros, jardins, play ground. No nosso caso, estamos de mão atadas, diz Luiz César que, como outros moradores, paga taxa de R$ 50 mensais destinados somente às contas de água. Parece que moramos num lugar abandonado. Mas é que não sobra dinheiro para nada, diz.



Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul