Noroeste Helena Mader A primeira licitação de terrenos do Setor Noroeste foi realizada ontem em meio a uma guerra de liminares judiciais e acusações de que a concorrência pública seria direcionada a grandes empresas. A Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) vendeu 54 lotes e arrecadou R$ 537 milhões, recursos que serão investidos na urbanização do bairro, no Parque Burle Marx e, principalmente, na infraestrutura de áreas carentes. Apesar do setor imobiliário aguardar ansiosamente o lançamento do Setor Noroeste há uma década, a concorrência foi pequena. Dos 43 terrenos residenciais arrematados, 70% receberam uma única proposta. Os preços ficaram, em média, 7% acima dos valores mínimos fixados no edital. Já as projeções comerciais, que são mais baratas, foram bastante disputadas. Nesse caso, o ágio foi de 65%. |
Unidos para competir
Além das grandes construtoras que participaram da licitação de lotes no Noroeste, também foram formados consórcios de pequenas empresas e até mesmo de pessoas físicas interessadas em arrematar uma área dentro do novo bairro nobre de Brasília. O servidor público Ésio Vieira de Araújo integra um grupo de 60 pessoas que formou a Associação Habitacional Noroeste, com o objetivo de apresentar uma proposta de compra. “Formamos o grupo há mais de seis meses e nos capitalizamos para participar da licitação. Esse argumento de que pequenas empresas não poderiam participar não é verdadeiro. Basta se organizar”, disse Ésio. O grupo não conseguiu arrematar um terreno na SQNW 111. A proposta de R$ 11,3 milhões foi superada por outra no valor de R$ 11,8 milhões. “Vamos manter o grupo organizado para participar da próxima licitação”, acrescenta Ésio. O gerente comercial da Terracap, Luiz Flávio de Barros, não acredita na possibilidade de combinação de preço entre as construtoras, mas destaca que a companhia não tem como controlar essa prática. “Não temos como coibir, mas não aprovamos e nem somos coniventes com isso. A Terracap não tem como saber se houve combinação, não temos controle sobre o que acontece fora da empresa. De qualquer forma, não acredito que tenha ocorrido combinação”, disse Luiz. O presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário, Adalberto Valadão, também nega que possa haver acerto entre construtoras. “A licitação correu muito bem, o governo vendeu praticamente tudo o que ofertou e os recursos arrecadados serão revertidos em benefícios para toda a população. O ágio registrado é compatível com o momento de crise econômica”, destacou. Para o promotor Fabiano Mendes Rocha, a justificativa do governo de que há pressa na arrecadação dos recursos não é suficiente para a fixação dos curtos prazos de pagamento. “Nunca as licitações da Terracap tiveram um prazo tão exíguo como este, nem um valor tão alto de entrada. Nosso entendimento é que essas condições limitam substancialmente o caráter competitivo da licitação”, justifica o promotor. |