Consumidor
Cuidado com
os vendedores de consórcios
WANDERLEY ARAÚJO
Nova malandragem no concorrido mercado da
picaretagem. Vendedores autônomos estão empurrando contratos de consórcio em
consumidores incautos que assinam os documentos acreditando que vão receber
empréstimo de dinheiro em supostas operações de crédito rápido e fácil,
sem avalista, sem SPC, sem Serasa, com limite de até R$ 100 mil.
Eles agem graças às falhas no setor de consórcio que não dispõe de nenhum
controle sobre as pessoas que vendem este tipo de produto. Segundo Osvaldo
Moraes, diretor do Procon, não há entidade ou lei que regule a profissão dos
vendedores autônomos de consórcio.
Qualquer picareta que quiser se aventurar a vender planos basta colocar uma
pastinha debaixo do braço e sair por aí a oferecer o produto.
O Procon tem dezenas de casos de pessoas lesadas por estes maus vendedores. A vítima
muitas vezes é atraída por anúncios nos classificados de jornais com a
promessa de liberação de empréstimo “sem avalista e sem burocracia”.
Quando vai atrás do dinheiro encontra, na verdade, o vendedor mal intencionado
de consórcio.
Com poder de persuasão, ele explica que na verdade trata-se de um consórcio
mas que o dinheiro sairá em poucas semanas pois a vítima será contemplada se
oferecer um determinado lance na carta de adesão. O dinheiro para o lance é
tirado do próprio consórcio, por intermédio de hipoteca ou alienação que
servem de lastro no contrato, numa operação legal conhecida no mercado como
“lance embutido”.
Se o cidadão precisa, por exemplo, de R$ 30 mil, ele assina um contrato no
valor de R$ 40 mil para que R$ 10 mil seja ofertado como lance; quando for
contemplado com os R$ 40 mil o cliente restitui os R$ 10 mil ao consórcio.
Banco Central não tem como punir - A encrenca acaba desaguando no Procon quando
o tempo passa e o tão sonhado empréstimo nunca aparece.
Como a vítima assina normalmente um contrato de consórcio e fica apenas com a
promessa verbal do vendedor de que receberá o empréstimo mediante a suposta
contemplação, o consumidor lesado não tem sequer meios legais de acionar o
caso na Justiça ou no Procon. “O que vale é o que está no papel. A vítima,
na verdade, assina um contrato de consórcio e fica amarrada a este tipo de
plano. O consumidor deve ficar muito atento, pois não existe contemplação de
consórcio pré-fixada”, alerta Osvaldo Moraes.
O interesse do vendedor em toda a maracutaia é receber uma comissão a título
de taxa de adesão, que varia de 1,5% a 2%, sobre o contrato.
O Consórcio Confiança é um entre vários que tiveram problemas em função da
ação de vendedores inescrupulosos. Para se preservar a empresa acabou com o
lance embutido em suas operações. É através do lance que o vendedor usa o
argumento de que a vítima será contemplada de forma rápida.
O Banco Central diz que não tem como punir este tipo de golpe pois a vítima
acaba assinando um contrato formal de consórcio.