Investimentos da CEB feitos em 2011 serão percebidos só no ano que vem

O brasiliense continuará a conviver com constantes picos de energia e apagões típicos do período chuvoso. Isso porque a Companhia Energética de Brasília (CEB) admitiu que o sistema elétrico não está preparado para a demanda e que os investimentos para 2011 — cerca de R$ 138 milhões — em subestações e novas linhas de transmissão só devem surtir efeito a partir de 2012, quando as obras estarão finalizadas. Também significa que o sofrimenro dos moradores permancerá com as oscilações de energia, como a vivida pelos moradores da 115 Sul no último fim de semana, que ficaram mais de 60 horas com o fornecimento de luz instável.

Como as intervenções não estarão prontas para a atual época de chuvas, que promete ser intensa nos próximos dias, com pancadas e trovoadas, a CEB e o GDF resolveram amenizar os riscos de quedas de energia. Por conta disso, intensificaram a poda de árvores. Nesse período, ventos fortes levam telhas e galhos, que acabam atingindo a rede de alta-tensão. Além disso, acidentes de trânsito frequentemente terminam em colisões de postes de iluminação pública — em média, cinco estruturas são atingidas por veículos por dia no DF. Para recuperar a energia de um local no qual um poste acabou atingido, a CEB demora até quatro horas.

Além disso, a empresa moderniza o sistema de atendimento à população. E espera colocar em operação, no centro de Taguatinga, uma subestação móvel que está em fase de testes. “Como os sistemas de energia estão sobrecarregados e as alternativas ainda estão sendo construídas, a população não vai sentir muita diferença na qualidade da energia em relação às chuvas do ano passado. Vai melhorar a partir de 2012, em 2013 vai estar melhor e assim por diante”, explicou o diretor presidente da CEB, Rubem Fonseca Filho.

A época de chuva só realça o que o brasiliense sente o ano inteiro: a energia de má qualidade que chega às residências e aos comércios. Por mais de 10 anos, a estrutura de distribuição da capital do país não passa por investimentos, o que a coloca entre as piores do país (leia Memória). A deterioração cresce proporcionalmente à média de consumo de eletricidade, que, em Brasília, é quase o dobro da nacional. Enquanto o aumento do consumo do brasileiro é de 4% ao ano, no DF é de 7,2%.

Descaso
A soma de instalações precárias e sobrecarregadas traz prejuízos como o da comerciante Juliana de Castro Pedro, 34 anos, dona de uma cafeteria na 115 Sul. Segundo a proprietária, a energia da loja começou a oscilar logo após a chuva da sexta-feira e só voltou ao normal no início da manhã de ontem. “Ainda não contabilizei o prejuízo, mas tive que fechar a loja no sábado e no domingo por falta de luz”, relatou. Indignada, ela escreveu na vitrine do estabelecimento: “O café está fechado por causa da incompetência e do descaso da CEB”.

Na mesma quadra, a recepcionista de um salão de beleza espalhou extensões por todo o salão para atender a clientela sem prejuízos. Segundo ela, apenas três das nove tomadas do local funcionavam por causa dos picos de luz. “A sorte foi que o movimento no fim de semana estava menor devido ao feriado de 12 de outubro”, contou a recepcionista Evanice Santos de Oliveira, 30 anos.

Na tentativa de evitar dor de cabeça aos consumidores, a CEB determinou a construção de 78 quilômetros de linhas de transmissão e de três novas subestações de energia, no Riacho Fundo, em Samambaia e em Águas Claras. Atualmente, são 33 em todo o DF.

A ideia da empresa é modernizar a rede e evitar apagões em cidades inteiras. Hoje, o sistema do DF é pouco seccionado. É possível encontrar trechos, por exemplo, de 50km com a mesma rede elétrica. O que significa que, se a energia de um trecho é interrompida, a região vai ficar sem eletricidade. A intenção, então, é dividir e criar um sistema interligado. “Dessa forma, se faltar energia, vamos achar mais rápido o ponto que deu problema. E, enquanto fazemos o reparo, podemos deixar a população com a luz ligada em outro lugar”, explicou Rubem Filho.

Nova subestação
A reclamação da presidente Dilma Rousseff quanto aos constantes apagões em Brasília surtiu efeito. O Governo do Distrito Federal anunciou que vai providenciar uma subestação para atender exclusivamente a área central da capital federal. A insatisfação da presidente começou durante uma reunião no Palácio do Planalto, quando houve um pico de luz enquanto Dilma recebia uma autoridade internacional.

Fique atento
» O cliente deve ser restituído por eventuais prejuízos causados por falhas no fornecimento.

» A legislação regulamenta apenas a indenização por danos em
aparelhos elétricos.

» Perdas de mantimentos ou de renda devem ser questionadas na Justiça. As solicitações devem ser feitas pelo titular da fatura.

» O prazo para registrar o pedido de reparação na empresa é de 90 dias corridos a contar da data da ocorrência.

» A empresa tem 15 dias para se posicionar a partir do pleito ou da realização da vistoria (que deve ser feita em até 10 dias, mas é opcional).

» Sendo o pedido procedente, a distribuidora tem até 20 dias para ressarcir o consumidor (em dinheiro), consertar ou substituir o aparelho danificado.

» O telefone de atendimento 24h da CEB é o 0800 61 0196.

Medidas emergenciais
Para compensar a carência na área energética e tentar amenizar outros problemas decorrentes da chuva — como desmoronamentos e buracos nas pistas —, representantes de vários setores do GDF estiveram reunidos ontem e sábado no Palácio do Buriti para encontrar soluções conjuntas e minimizar os prejuízos. A iniciativa aconteceu após os transtornos gerados pelo temporal da última sexta-feira. Choveu 36mm em uma hora e meia. Por causa da chuva forte, o brasiliense conviveu com alagamentos, apagões e congestionamentos das principais vias. A intenção do governo é resolver esse tipo de problema. Estiveram presentes nos dois encontros o governador em exercício, Tadeu Filippelli, o secretário de obras, Oto Silvério, e diretores da CEB e da Novacap. Entre as principais medidas estão a poda de árvores, a modernização de semáforos localizados em cruzamentos e a disponibilização de um número específico para a população denunciar buracos nas pistas, mato alto e bocas de lobo entupidas. Enquanto o número não é divulgado, os cidadãos podem usar o 156.