Especialistas indicam medidas de prevenção para lidar com imprevistos e transtornos com reformas

Obras são sempre um incômodo: confusão, pessoas estranhas dentro de casa, poeira e barulho. Tudo piora quando o contratado deixa o cliente na mão e a reforma atrasa. Quando o assunto são as obras, um dilema se repete: contratar uma firma especializada e pagar mais por um serviço ou chamar um pedreiro, sem contratos oficiais, e correr riscos? O arquiteto Philipe Costa orienta: “Não faça uma obra aleatoriamente. Por mais que o custo seja maior, vale à pena investir na sua tranquilidade”, afirma o especialista. Para ele, uma reforma deve possuir um projeto a ser seguido, um bom mestre de obras e uma fiscalização eficaz da qualidade da execução, realizada por especialistas da área, como arquitetos e engenheiros.

O advogado Bernardo Botelho defende a obrigatoriedade de contratos de prestação de serviços para que não haja problemas durante a obra. “O contrato vai dar a garantia ao contratante sobre o que pode ser realizado ou não nas reformas. O documento irá especificar o objeto de execução do serviço”, completa. “O problema da ausência de contrato é a falta de comprovação de um combinado que foi firmado por palavras, no ‘boca a boca’”, argumenta também o arquiteto Philipe Costa.

A fisioterapeuta Alessandra Prieto é moradora de um dos condomínios do Grande Colorado, em Sobradinho-DF. Há pouco tempo, Alessandra resolveu reformar a casa com um dinheiro extra que havia recebido. A obra seria simples, aumentar a sala e fazer uma suíte para o quarto dela. Em busca de menores preços, contratou um pedreiro com base em apenas uma única indicação. “Não contratei mestre de obras, nem engenheiro. Eu mesma esbocei o projeto e o pedreiro executou”, declara a fisioterapeuta. Após algum tempo, com a reforma já feita, o telhado abaulou e, aos poucos, a estrutura da casa foi cedendo. “Foi bem na época das chuvas. Quando chovia, jorrava água para dentro de casa. Perdi armários por conta disso”. Desesperada, Alessandra chamou um mestre de obras. Segundo a fisioterapeuta, o profissional disse que nunca havia visto obra tão mal feita. As lajes haviam cedido porque não suportaram o peso da telha. As metragens estavam todas erradas. Alessandra teve que colocar tudo abaixo e fazer uma nova reforma, que ainda está em andamento. “O orçamento do pedreiro saiu três vezes mais barato do que o do mestre de obras. O barato saiu caro”, conclui.

Entretanto, nem sempre contrato é sinônimo de obra tranquila, que seja realizada sob condições e prazos cumpridos. Caso o atraso e os aborrecimentos sejam significativos, o advogado Bernardo Botelho indica que o contratante, munido do documento que certifica o contrato, deve entrar com uma ação na justiça. “Se a obra não ultrapassar o valor limite de 40 salários mínimos, a pessoa que se sentir prejudicada deve entrar com uma ação no Juizado Especial de Pequenas Causas. Caso o orçamento seja superior, deve-se procurar a justiça comum”, informa Botelho. Para ações de até 20 salários mínimos, não é necessária a contratação de um advogado de defesa. Bernardo indicou que é sempre interessante que o contratante verifique, antes, se já existem reclamações sobre o serviço que será contratado. “O ideal é checar serviços realizados anteriormente pelo contratante e pedir referências”, completa o advogado.

Sem transtornos

Já que as reformas, em muitos casos, são inevitáveis, dicas paliativas são indicadas para quem se incomoda com a sujeira, o barulho e a falta de privacidade. “Manter o local das obras sempre úmido é recomendado para baixar a poeira. Passar um pano molhado, em toda a casa, todos os dias, antes e depois da reforma é o ideal para que não se forme lama no chão”, indica o arquiteto Philipe Costa, principalmente para pessoas alérgicas.

Para que o morador mantenha a privacidade, o especialista indicou separar a obra do resto da residência por meio de tapumes de madeira provisórios. O arquiteto acrescentou que esquadrias de janelas em PVC proporcionam maior isolamento acústico, o que ajuda a manter o sossego domiciliar na hora da ‘quebradeira’.